Há aqueles que lutam muitos dias,
e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos, e são
melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida, esses são os
imprescindíveis.”
Bertolt Brecht, “Os
que lutam”
Para se ser bom não se tem de
ser o melhor. Se tivermos presente a motivação para dar “o nosso melhor”, então
ficaremos com a certeza que o nosso melhor foi suficiente para sermos bons.
A afirmação anterior não
significa que devemos ficar simplesmente satisfeitos com “qualquer coisa” de
bom que tenhamos alcançado. Significa, sim, que não temos de ser os melhores do
mundo para sermos felizes.
Esta visão é particular e faz-me
olhar para a sociedade atual que parece, por vezes, prescindir da promoção de
comportamentos e valores mais dignos desse nome, para se distrair numa demanda
pela eleição de individualismos, refira-se que sempre existirão, que provocam
sentimentos tão distintos como o deslumbramento ou a ira. Por um lado, o deslumbramento
pelo herói e pela vaidade, pelo melhor dos melhores, mas efémero. Por outro, o
ódio e a desilusão da derrota e do inalcançável, levando muitas vezes à
tristeza.
Onde há espírito de comunidade
podemos verificar que cada indivíduo trabalha em prol de um bem maior. A
satisfação da “vitória”, nestes casos, deixa de ter uma lógica individual para
passar a ter razão no seu todo, num âmbito comunitário, os problemas sociais
dissipam-se porque há uma procura em satisfazer as carências que são de todos. Atente-se
aos diversos casos em que a sociedade não consegue corresponder às expetativas
de todos e iremos verificar que onde há maiores problemas são nos meios em que
não há uma verdadeira vivência em comunidade ou naquelas em que as pessoas não
se identificam com esses meios.
À escola compete, essencialmente,
proporcionar um meio em que seja possível trabalhar, com as crianças e jovens,
o verdadeiro espírito de comunidade, de viver com os outros, da solidariedade,
da entreajuda, da promoção de valores humanistas. Acima de tudo, proporcionar
um bom ambiente de trabalho e aprendizagem em que possamos desenvolver as suas
aptidões, que são tão diferentes quanto as suas origens. Não podemos querer que
todos aprendam da mesma forma e ao mesmo ritmo, se nós próprios não aceitamos
que nos comparem com outros, em termos de ritmos, origens, apetências ou
vontades.
Para sermos bons, não temos de
ser formatados de igual forma. Para sermos bons no que quer que seja, artes,
negócios, serviços, produção… Temos de ter oportunidade de crescer em ambientes
felizes e dignos, seja em casa, na escola ou no local de trabalho. Na nossa
escola, temos de afiançar que as crianças e jovens que por cá passam são
felizes a fazer aquilo em que são bons. Têm de ser educados a lutar pela sua
felicidade, à sua maneira, à sua medida.
Não posso deixar de lembrar que somos seres espirituais e, por isso, a
felicidade nem sempre é palpável. Todos fazemos parte de um plano superior,
muito superior!
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